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Cardiopatia congênita em Valentina: entendendo a doença desde o início

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<h1>Minha jornada com a cardiopatia congênita da Valentina</h1>

Eu nunca tinha ouvido falar em cardiopatia congênita, foi a primeira vez que tinha sido apresentada a esse mundo. Então, achei que era sempre coisa de gente grande, nem nunca acreditei que fosse uma coisa que acontecesse em crianças.

A primeira coisa que eu penso quando vejo a Valentina é que ela é muito bagunceira, muito esperta, muito brincalhona. Não para um momento sequer, é muito ativa. No momento da sua ira, chora muito e é birrenta. Mas também é alegre, espontânea e sempre quer estar no centro da atenção.

Ela gosta de dançar, gosta de cantar. Ela sabe que, quando estou no palco, é hora de cantar comigo. Sou o Silva Cruza e ela é minha maior fã.

Eu já falei que a Valentina tinha uma cardiopatia congênita. Ela era uma criança pequena e que, às vezes, as chances dela não seriam boas. E que ela poderia ser um vegetal, ter que usar órteses nas pernas e nos braços.

Ela nasceu prematura, de 35 semanas. Assim que ela nasceu, foi encaminhada para a UTI e fez sua primeira cirurgia com dois meses e meio. Foram quatro meses de uma batalha sem fim, que não acabava nunca. Cada vez que ela melhorava um pouquinho, ela voltava pior. Foi uma montanha-russa emocional.

Lembro quando nós trouxemos ela para casa pela primeira vez, foi o melhor dia das nossas vidas. Mas também foi um momento de choque, pois não conseguíamos trabalhar. Minha esposa, Jessica, ligou para mim e disse que a Valentina tinha tido alta. Eu parei o carro no meio da rua, não conseguia acreditar.

Quando voltamos para casa, tínhamos uma previsão de aguentar mais uns dois anos até fazer a correção total, mas com um ano e quatro meses a Valentina obstruiu. Então, ela teve que fazer uma cirurgia de emergência.

Foi aí que conhecemos o hospital Sabará. A Valentina fez a correção total e voltou muito bem. Parecia que ela nem tinha feito uma cirurgia daquele tipo.

Eu escrevi uma carta para a Valentina no futuro, vou ler para vocês:

“Para Valentina, minha menina Valente. Seu nascimento com a cardiopatia foi uma grande preocupação, mas não imaginávamos o que iríamos passar. Você é valente e guerreira, mesmo tão miúda. Você nos trouxe um exemplo de luta.

Quando soube que minha mãe estava grávida de você, eu não sabia como lidar com a emoção. Quando eu te vi pela primeira vez, fiquei muito feliz e contente. Você segurou minha mão e eu fiquei com a segurança de saber que você iria melhorar e que passaria por obstáculos muito difíceis, mas que você ia conseguir porque você é forte.

Você nos traz alegria, amor, compaixão, gratidão e é a locomotiva de uma família inteira. Espero que você mantenha sempre a sua força interior. Continue sendo esse exemplo de garota que você representa para o pai. Te vemos crescendo, multiplicando essa alegria com todos que te cercam.

Nós te amamos. Nunca foi sorte, sempre foi Deus. Ele te ama”.

Hoje em dia, estamos fazendo tudo o que queremos, mostrando que o diagnóstico realmente não é uma sentença. A Valentina tem provado o contrário.

A coisa mais legal que fizemos juntos foi levá-la à praia pela primeira vez. Ela adorou brincar na areia, tanto que voltou com uma coxinha cheia de areia para casa. Foi uma experiência libertadora para mim e para ela.

Uma outra coisa que aprendi é que as mães nunca abandonam seus filhos. Conheci várias mães exemplares ao longo dessa jornada, mas também conheci muitos pais que não estavam presentes. Me sinto envergonhado por isso.

A cada vez que chegamos ao hospital, vejo a luta da Valentina e o apoio incondicional das mães. Elas estão sempre ao lado dos filhos, independentemente de sua situação pessoal. Isso me ensinou muito.

A Valentina é como um livro que me ensinou muitas coisas. Ela me ensina todos os dias. Eu não tenho medo da cardiopatia, mas meu maior desejo é que ela faça a diferença para a humanidade e seja muito feliz. Ela merece ser feliz.

Agora entendo que Valentina veio a nós com essa condição porque ela tem uma missão muito maior do que qualquer doença. Ela precisa ajudar o próximo, passar a informação adiante. Meu desejo de ajudar pessoas e famílias de cardiopatas é maior do que tudo.

Ela tem uma missão especial e é um exemplo de força e superação.

Fonte: Cardiopatia Congênita | Sentido da Doença | Valentina por Saúde da Infância