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Câncer de colo do útero: insights de um oncologista

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O câncer de colo do útero é o terceiro tipo que mais atinge as mulheres. Estima-se que pelo menos cinco mil morram por ano em decorrência da doença. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais de 16 mil novos casos da doença devem surgir este ano.

Para falar sobre o assunto conosco no estúdio, o oncologista e diretor do Instituto Paulista de Cancerologia, Dr. Jadir Fernandes Júnior.

Tudo bem, doutor? Boa tarde pra você e eu agradeço o convite.

Aproximadamente 77% das pacientes com câncer de colo do útero são diagnosticados já em fases mais avançadas. Isso é correto?

Isso depende muito do estado onde nós estamos, da região, da cidade, do tipo de serviço médico preventivo que a mulher tem acesso. Mulheres que têm um acesso melhor à saúde ginecológica, logicamente, terão uma chance muito maior de terem o seu tumor encontrado em fases muito mais precoces e totalmente curáveis. Geralmente, a mulher que procura regularmente o médico, que faz a prevenção, que não têm iniciado a atividade sexual tão cedo, que são muito mais ativas e proativas com relação à prevenção, essas têm a chance de terem um tumor encontrado numa fase muito precoce, que é muito mais facilmente tratável e curável.

Quais são os sintomas desse tipo de câncer?

Os sintomas são muito variáveis. A grande vantagem é encontrar o tumor antes de ter qualquer tipo de sintoma. Hoje, é comum encontrar apenas uma feridinha no colo do útero, facilmente removível, tratável e curada. Em tumores avançados de colo do útero, pode-se ter sangramento, dor na relação sexual, sangramento durante o repouso, dor embaixo do ventre, entre outros sintomas. Mas esses são sintomas geralmente de câncer avançado. Então, as mulheres só têm esses sintomas quando já estão em fases mais avançadas. A única forma de prevenção é encontrando esses tumores em fases mais precoces, onde os sintomas praticamente não existem.

Quais são as chances de cura?

As chances de cura são de 100% quando o tumor é encontrado numa fase muito precoce, de um diâmetro muito pequeno ou até mesmo milimétrico. O ginecologista pode fazer a abordagem dessa região e a chance dessa mulher ficar curada, o que chamamos de sobrevida livre de doença em cinco anos, beira os 100%. Por isso, é tão importante encontrar o tumor em fase precoce. No caso do câncer avançado, onde já há um tratamento mais doloroso e agressivo, as chances de cura são muito menores, infinitamente menores.

Quais são os fatores de risco?

Uma mulher que contraiu HPV em algum momento tem mais chances de desenvolver esse tipo de câncer. Mas o HPV tem sido o grande vilão do câncer de colo do útero na mulher. O câncer de pênis, por exemplo, também está relacionado ao HPV. Existem vários subtipos do HPV, alguns não estão relacionados ao câncer de colo do útero, estão relacionados apenas a questões simples. Quando você diagnostica o HPV produtor de câncer de colo do útero, você deve simplesmente fazer o tratamento da mulher, eliminando o vírus ou as alterações causadas por ele no colo do útero. Essa mulher não vai ter câncer. A mulher que vai ter câncer é aquela que entrou em contato com o vírus, não se tratou ou se tratou de maneira errada. Depois de alguns anos, ela pode ver uma ferida no colo do útero. Se ela não tratar essa ferida, ela vai evoluir para um tumor maior. Mesmo assim, ainda é operável, tratável e curável. Quando isso não acontece, a mulher vai evoluir muito mais rápido e receber apenas medidas de suporte, como terapia de apoio. Portanto, a prevenção é muito importante e de baixo custo. Basta ter um médico, um espéculo, um patologista que faça a leitura desse material. O ganho para a saúde da mulher é muito grande.

Estou muito obrigado pela entrevista. Uma boa tarde.

Eu agradeço. Muito obrigado.

Fonte: Oncologista fala sobre câncer de colo do útero por TV CÂMARA SÃO PAULO