Pular para o conteúdo

Benefícios do mamão papaia na prevenção do câncer de intestino

  • por
  • posts

Pesquisadores da USP descobriram que, dependendo do ponto de amadurecimento, uma mão de papaia inibe a proliferação de células de câncer no intestino. Os estudos foram feitos em laboratório e os resultados publicados na revista científica. Pudemos relacionar o amadurecimento da papaia com a modificação das estruturas das fibras alimentares e o efeito dessas fibras em células de câncer.

A pectina, um tipo de fibra alimentar presente em todos os frutos, também está presente na papaia em diferentes quantidades e com estrutura variada, dependendo do fruto e do estágio de amadurecimento. A papaia amadurece muito rapidamente, em apenas um dia após ser colhida. A casca tem uma coloração esverdeada e a polpa está bastante dura. Após três dias, a casca fica mais amarelada e a polpa está macia o suficiente para consumo.

Primeiro, os pesquisadores decidiram investigar a adesão, migração e agregação celular, pois esses são mecanismos complexos das células de câncer. Para entender o efeito do amadurecimento da papaia nessas células, foram utilizadas células epiteliais de câncer de cólon e células epiteliais de cordão umbilical de bovinos, que respondem rapidamente às substâncias químicas produzidas pelas células de câncer.

Foi verificado que, 24 horas após o tratamento, no grupo controle houve migração das células epiteliais em direção às células de câncer. Porém, no terceiro dia após colheita da papaia, a migração das células epiteliais e de câncer foi inibida. Isso ocorreu pelo efeito de compostos químicos presentes na papaia que induzem as células a se movimentarem em direção às regiões onde esses compostos são produzidos. Provavelmente, isso ocorreu porque as fibras da papaia do terceiro dia após colheita interferiram na interação das células de câncer com as proteínas da matriz celular.

Além disso, os pesquisadores investigaram o tipo de morte celular que as células estavam sofrendo. Verificaram que a maioria das células estava passando por apoptose, que é um tipo de morte celular programada. Observou-se que as fibras da papaia do primeiro dia após colheita apresentavam um tamanho molecular grande, com muitas ramificações em suas estruturas principais. Já as fibras do terceiro dia, com o fruto mais maduro, apresentavam um tamanho molecular reduzido e ramificações menores.

Além disso, verificou-se que mesmo com o tamanho reduzido, as fibras do terceiro dia apresentavam um número maior, mostrando que outras frações de polissacarídeos estavam sendo degradadas, enriquecendo essa fração solúvel em água. As fibras da papaia completamente madura, no quarto dia após colheita, já não apresentavam um número tão grande de ramificações e seu efeito biológico foi drasticamente reduzido em relação ao terceiro dia.

O experimento realizado pelos pesquisadores foi diferente dos experimentos de outros pesquisadores que modificam quimicamente as fibras da papaia. Os pesquisadores deixaram a papaia madurar naturalmente, o que abre a possibilidade de pensar em outros mecanismos benéficos da ingestão de frutas com alta quantidade de polpa, como a papaia, e monitorar o amadurecimento dessas frutas para alcançar o consumo no momento em que o efeito benéfico seja máximo.

É importante ressaltar que a região geográfica, o tipo de clima, o solo e a adubagem podem alterar a qualidade e as características das fibras da papaia. No estudo, foram utilizadas amostras biológicas de uma região específica do Espírito Santo, mas estudos futuros estão sendo direcionados para realizar experimentos em modelos in vivo de indução do câncer de cólon e tratamento com as fibras isoladas da papaia verde e madura.

É um cenário complexo, onde há fermentação pela microbiota intestinal dos ratos e interação direta entre as fibras e as células de câncer. Dessa forma, será possível verificar se os resultados obtidos in vitro também são reproduzidos no modelo in vivo.

Fonte: Mamão papaia inibe a proliferação de células de câncer no intestino por Canal USP