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Autismo vs TDAH: Diferenças e Similaridades na Neurodivergência

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A Alice me pediu para falar sobre as diferenças entre o autismo e o TDH. Então, vamos lá! Estou aqui para isso, para a gente conversar um pouquinho. Você já percebeu que eu uso muito as palavras neurodivergente e neurodivergência para me referir às pessoas autistas, disléxicas ou com TDAH? Isso acontece porque em todos esses e em alguns outros diagnósticos, o desenvolvimento neurológico é atípico e divergente da média.

No autismo, por exemplo, as amígdalas de uma criança de 8 aninhos já podem ter o tamanho de uma amígdala de um adulto, e aqui não estou falando da vida da garganta, estou falando de uma estrutura no sistema límbico responsável principalmente por detectar ameaças. Então, imagine que a criança com autismo tende a ser muito mais sensível aos movimentos e a outros estímulos sensoriais também. Ela não consegue controlar isso e pode se enjooar mais quando anda de carro, pode se assustar mais quando as pessoas se aproximam dela, mesmo que não seja uma ameaça, e fica mais sensível em geral.

O que a equipe percebeu foi que o autismo sempre traz os sinais do TDAH, agora, 50% das pessoas, não sei se posso dizer só 50%, das pessoas com TDAH é que vão apresentar os sinais do autismo, mas os estudos dessa equipe holandesa não são conclusivos. Aliás, tem uma discussão infinita a respeito, é só um futuro que a gente vai saber as cenas dos próximos capítulos, porque são muitas linhas de raciocínio. Tem a genética, até estudos de neuroimagem também, cheios de interpretações diferentes. Realmente, é um tema que tem sido muito estudado.

Mas para a gente poder falar a mesma linguagem do DSM, por exemplo, conhecer as diferenças oficiais entre o autismo e o TDAH, eu vou resumir aqui para vocês os critérios diagnósticos. No caso do autismo, basicamente, vamos ter dois critérios diagnósticos. O critério A vai se referir às dificuldades de linguagem e comunicação, dificuldades persistentes da comunicação e da interação social. Então, aqui nós vamos observar os problemas de linguagem, é claro, a dificuldade de expressar as próprias ideias, de se expressar com expressão facial, expressão corporal, tudo que possa afetar o relacionamento da pessoa com a família dela e com os amigos também.

No consultório, o mesmo em casa, os pais vão dizer se a criança tem sorriso social, se ela consegue manifestar as próprias emoções, e a partir de pressões parciais coerentes, né, com o que ela esteja pensando. Se ela faz contato visual natural. E só lembrando aqui que algumas pessoas vão aprender a imitar esses comportamentos, e inclusive, nós temos um vídeo no canal só sobre camuflagem, vou deixar aqui nos cards para vocês. Mas a questão aqui é a seguinte: o fato da pessoa olhar nos nossos olhos, olhar nos olhos do profissional, do médico que está atendendo, não pode fazer com que ele descarte o diagnóstico imediatamente.

E por outro lado, nem tudo é autismo. Então, não é porque nós temos algumas das características que nós vamos insistir no diagnóstico de ser TEA, de ser transtorno do espectro autista. Os sintomas devem ocorrer desde a infância e precisam ser um transtorno de verdade, um transtorno na vida do indivíduo, o próprio nome já diz, é um transtorno do espectro autista. Agora, o segundo critério, critério B, vai falar sobre padrões restritos e repetitivos de comportamento, de interesses ou de atividades.

Então aqui é onde nós vamos observar os profissionais, né? Vamos avaliar se a pessoa tem problemas com alterações de rotina, se ela quer fazer tudo igual, do mesmo jeito, sempre. Se ela fica muito irritada por causa de manias, se ela tem restrições alimentares, ela gosta dos mesmos objetos, assiste sempre aos mesmos filmes, os mesmos desenhos animados, ela desenha sempre sobre os mesmos temas, faz movimentos repetitivos, e por aí vai.

Resumindo, no autismo, as pessoas geralmente vão ter dificuldades para interagir e principalmente na flexibilização da rotina. Agora, no TDAH, os critérios diagnósticos são cinco, e o primeiro critério (critério A) se divide em três aspectos que, na verdade, resumem a maior parte da história. São eles: hiperatividade, desatenção e impulsividade persistentes. Os critérios B, C e D vão avaliar essa persistência do problema ao longo da vida da pessoa. E basicamente, se eles vêm desde a infância. É importante saber se a criança já esquece objetos, por exemplo
Fonte: Autismo ou TDAH – diferenças e similaridades em neurodivergência por Lygia Pereira – Espectro Feminino