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Alzheimer – Uma tarde com muita prosa: uma experiência envolvente e estimulante

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Mamãe eu vou coçar por causa da menina

meu amor

Bom dia bonitinha que você tem, quantos dedos tem aqui? Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze, quatorze, quinze, dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove.

Volta, volta, agora vamos fazer o abca b c d e f g h i j e l m n o.

Crisé, você foi aí mamãe. Eu gastei, mas ela fez com muita calma. Agora você vai colar os olhos, as outras.

A nossa coordenada boninada foi.

Eita, foi é? Gente, olha que linda que eu ganhei. Olha, você acha que vai ficar bem ali o Francisquinha vai destruir.

Do quarto que tava na praia, aí eu fui namar ele. Treina Agora dele, ele ficou.

Mamãe, eu tô muito cansada. Eu tô muito sentada por causa da dona da Tonia menina.

A manga rosa quero.

Berço. Sapoti. Juá. Coisa linda. Ah meu Deus, tá com a unha sem pintar, vou pintar unha dela amanhã, né mamãe?

Um, dois, três, quatro. Cinco, seis, sete, oito. Nove, dez. Ó dedo mindinho seu vizinho pai de todo. Furar bolo cata piolho, cadê o docinho que tava aqui? O gato comeu.

Beto, além de não te incomodar. Água mole em pedra dura, tanto bate até que entãodiga-me com quem andas saber.

É tão bom prosear com você, sabia? Você também gosta de bronzear comigo. Eu sair daqui ia para lá, era para cá que eles iam, todos vocês. Para cá é?

Mãe, eu tô tentando ajeitar a câmera. Vocês sabem quem tá aqui do meu lado, né? É quem é que tá aqui do meu lado, me dando cabeçada. Quem é? Não sei. É um gato. Foi ele que pegou, quase. Ele não desgruda de mim, mamãe.

Pronto, agora está assim, aparece melhor. Francisquinha. Francisquinha, para assistir aves. Você é Francisquinha Alves. E eu sou a cantora, cantora eu sou a cantora. Eu sou Cláudia Alves, a filha da Francisquinha. Aí inesquecível. Francisquinha nunca vai ser esquecida.

Você já pararam para pensar que ela, eu tô eternizando esses momentos que daqui muitos anos, de YouTube não acabar. Acho que não acaba, né? As pessoas vão ver como que é cuidar de alguém com Alzheimer.

Eu sabia toda a roupa e muita casa no perdão. Do que eu cadastro você sabia, né mamãe? Mas sabe porque você sabia? Porque você é muito sabida. Você é, tu és. Eu também pode ser né? Você pode ser depois. A outra ficou também, o galo de madura, um galo de madura.

Eu fui casada, meio Limão, Meu Limão. Limoeiro, meu pé de jacarandá. Uma vez skin do lelê, outra vez que dou la lala la la la la la la. Viu como é que você sabe? Você sabe a música, né mamãe?

Mamãezinha, mamãezinha. É assim, ó mamãezinha, mamãezinha, meu tesouro. É só teu, é só ter o meu coração e com ele, e com ele te ofereço toda minha, toda minha gratidão. Dia 13 de Abril era aniversário do meu pai. Meu pai se tivesse aqui, ele estaria completando 96 anos. Não tem tempo. Não conhecer os netos, os bisnetos. Eu tinha só 19 anos quando ele partiu. José Alves Sobrinho, é muito fofa mesmo.

Porque mamãe, quando ele lugares não arruma tudo que ele pensa na água ele cai no meio do povo aqui ó, quando ele olhar não tem dinheiro não. Você não tem dinheiro. Não, mas a gente não precisa de dinheiro não, a gente precisa de saúde. Gente, boa sexta-feira para vocês, tá bom? Eu também acho que tá bom. Dá um beijinho aqui. Manda beijo para eles assim ó.

Fonte: Alzheimer – Uma tarde com muita prosa. Está muito esperta. por Francisquinha Alves – O bom do Alzheimer