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Lupus Eritematoso Sistêmico: informações com Dr. Prof. Nelson Marques

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Lúpus Eritematoso Sistêmico: uma doença autoimune complexa

Olá pessoal!

Me chamo Nelson Marques, sou Fisioterapeuta Mestre em Ciências da Saúde e Ambiente, e hoje falaremos sobre o Lúpus Eritematoso Sistêmico, uma doença autoimune. Vamos estudar…

O Lúpus é uma doença autoimune, multissistêmica e crônica, que se caracteriza pelo desenvolvimento de focos inflamatórios em diversos tecidos e órgãos do corpo, evoluindo com períodos de exacerbações e remissões. Isso significa que a doença pode apresentar momentos agudos e crônicos, com períodos de estabilização.

O mecanismo inflamatório do Lúpus está relacionado à autoimunidade e ocorre com maior frequência em mulheres, com uma incidência de nove mulheres para cada homem. Esse predomínio é menos evidente na infância e nos idosos. Os primeiros sintomas geralmente aparecem entre a segunda e a quarta década de vida. É importante ressaltar que o Lúpus afeta todas as raças.

Estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos mostram que a prevalência do Lúpus varia de caso para caso, afetando cerca de 100 pessoas a cada 100 mil habitantes. A Organização Mundial da Saúde considera que essa incidência é alta, já que possui valores acima de 1% da população mundial.

A etiologia e a patogênese do Lúpus ainda são desconhecidas, mas a existência de um grande número de anticorpos contra constituintes próprios do organismo indica que o problema fundamental do Lúpus é um defeito no mecanismo que mantém a alta tolerância imunológica.

Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento do Lúpus, como fatores genéticos, hormonais, ambientais, medicamentosos e infecciosos. Todos esses fatores funcionam como gatilhos da doença, exceto o fator genético.

As manifestações clínicas do Lúpus podem variar, mas durante os períodos de exacerbação, que são intercalados por momentos de melhora ou inatividade, 90% dos casos apresentam fadiga, 80% apresentam febre e 60% apresentam emagrecimento rápido e intenso.

Outras manifestações clínicas comuns afetam a pele e as mucosas, sendo observadas em 70% dos casos no início da doença e em mais de 90% dos casos durante o curso da doença. Na fase aguda, ocorre uma erupção malar em forma de “asa de borboleta” no rosto e fotossensibilidade. Já na fase subaguda, pode ocorrer um tipo de Lúpus cutâneo semelhante à psoríase. Na fase crônica, pode ocorrer um Lúpus discóide, principalmente na face e couro cabeludo, o que se caracteriza por eritema, atrofia central, hipopigmentação, telangiectasia, hiperceratose e sequelas cicatriciais que causam perda de cabelo irreversível.

As dores articulares são observadas em 95% dos casos, assim como a artrite não erosiva em 60% dos casos. Também podem ocorrer deformidades nas mãos em 10% dos casos, mialgias em 90% dos casos e miosite em 5% dos casos. Pacientes com Lúpus também podem apresentar problemas cardiopulmonares, como pericardite sintomática em 30% das pessoas, derrame pericárdico e pleurite em 50% dos casos, derrames pleurais em 50% dos casos e pneumonite em 10% dos casos. Outros problemas dermatológicos comuns incluem leucopenia em 65% dos casos e linfopenia em 50% dos casos.

Como profissional da saúde, o Fisioterapeuta pode atuar no tratamento do Lúpus, principalmente para evitar complicações e restaurar o equilíbrio ósteo-muscular dos pacientes. É importante promover repouso orientado durante a fase aguda, aumentar e manter a força muscular, trabalhar o equilíbrio de marcha, prevenir a osteoporose e suas possíveis fraturas, além de orientar o paciente de forma geral sobre a doença e sua evolução.

O condicionamento cardiovascular, quando realizado de forma adequada, pode diminuir o risco de doença coronariana e a fadiga muscular. Estimular o paciente na prática de exercícios físicos é importante para prevenir a fraqueza e a fadiga muscular. Os programas de exercícios devem focar no fortalecimento da musculatura adjacente e das grandes articulações, assim como na manutenção da amplitude de movimento.

É importante ter cautela no uso de terapias como a crioterapia, pois pacientes com Lúpus podem apresentar fenômeno de Raynaud, caracterizado por cianose nas extremidades. A crioterapia em mãos e pés é contraindicada, mas pode ser aplicada em outras articulações com cuidado e observação.

O uso do turbilhão e da piscina terapêutica pode ser indicado, assim como o uso de TENS (Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea) para aliviar as dores. A utilização de Ondas Curtas ainda é objeto de debate, pois pacientes com Lúpus possuem maior possibilidade de neurite periférica, o que pode agravar o quadro clínico.

É fundamental fornecer orientações adequadas para o posicionamento durante as atividades de vida diária, seja deitado, sentado ou em pé. O posicionamento adequado no leito e a realização de exercícios respiratórios são importantes para evitar complicações pulmonares. Além disso, é necessário minimizar a ocorrência de quedas para evitar fraturas, especialmente em casos de osteoporose. Durante a fase aguda da doença, é recomendado restringir a atividade física, mas é importante incentivar atividades físicas orientadas para evitar o sedentarismo quando a doença estiver controlada. Também é fundamental evitar a exposição excessiva ao ultravioleta e ao infravermelho, bem como atividades físicas que possam causar frouxidão articular.

Bem pessoal, hoje apresentamos mais uma doença autoimune complexa, o Lúpus Eritematoso Sistêmico. É fundamental estudar cada vez mais sobre essa doença para auxiliar e tratar adequadamente os pacientes. Fiquem à vontade para fazer suas perguntas, que responderei o mais breve possível. Até breve!

Fonte: LUPUS ERITEMATOSO SISTEMICO – Dr. Prof. Nelson Marques por UMA LUZ PARA FISIOTERAPIA Dr Nelson Marques