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Desvendando Mitos e Verdades sobre Febre e Convulsão

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Vamos conversar sobre a febre e a temida convulsão. Como aprendemos no vídeo anterior, a febre é uma poderosa reação de defesa do corpo para recuperar seu equilíbrio e manter a vida, e não deve ser combatida com remédios como se fosse um problema. É importante deixar que o próprio corpo combata a febre quando não precisa mais dela, o que pode ocorrer após algumas horas até três dias. Estudos científicos, resultados práticos, a lógica e o bom senso confirmam esse entendimento sobre a febre.
Eu sei que você entende isso, mas quando você ouve falar para não baixar a febre, mesmo que esteja alta, talvez pense que isso é perigoso. Então, vou explicar e tenho certeza de que você vai entender. Primeiramente, é importante saber que não é a febre alta que provoca convulsão. Na verdade, deixar a febre subir não aumenta a chance de convulsão, pelo contrário, ao permitir que a defesa do organismo funcione, a chance de convulsão diminui.
Surpreendentemente, 95% das crianças que apresentam convulsão foram medicadas contra a febre desde os primeiros sintomas, seja em casa por seus pais ou na escola, antes de qualquer avaliação médica. O fato de dar remédio contra a febre não é nenhuma segurança para evitar convulsão, pelo contrário, favorece que ela aconteça. O problema não é a febre alta, pois a convulsão só pode ocorrer com apenas 37,5 graus de temperatura.
Mas o que realmente favorece a convulsão? Vou dizer algumas coisas. Primeiro, o uso de antitérmicos, como já expliquei, pode levar à falta de água. Crianças devem beber pouca água e ainda menos quando estão doentes. Portanto, é preciso oferecer muita água sempre, principalmente quando a criança está doente. Além disso, a ingestão de alimentos industrializados ricos em açúcar, massas, leite e derivados, alimentos processados especialmente quando a criança já está doente e se alimenta apenas desses produtos inadequados, ao mesmo tempo em que falta a ingestão de alimentos vegetais, os verdadeiros nutrientes e protetores. A convulsão pode ser provocada e favorecida pelos efeitos colaterais de remédios que devem ser evitados e limitados apenas aos essenciais.
É necessário promover a limpeza do corpo, permitindo que ele elimine as toxinas que precisam sair, em vez de bloquear essas reações com remédios. É preciso oferecer água mesmo que a criança vomite e continuar oferecendo até a limpeza se completar. Porém, ao contrário disso, se a criança já está recebendo remédio contra a febre e apresenta vômito, os pais podem se apavorar, achando que está piorando, e correm para impedir o vômito sem saber que estão atrapalhando o processo de desintoxicação, que é essencial para o equilíbrio do organismo.
E veja que interessante, a convulsão febril só acontece em crianças até 4 anos de idade e ocorre devido à imaturidade do cérebro, não por lesão. Não há convulsão febril em crianças maiores de quatro anos.
Mas, de qualquer forma, vamos pensar agora no seguinte: e se tiver convulsão, o que fazer? Não se apavorar. A convulsão assusta, pois a criança parece estar morrendo, apresenta perda de consciência, rigidez e abalo dos braços e pernas, aperto do maxilar, acúmulo de saliva, olhar fixo e desviado para um lado, respiração superficial e eliminação voluntária de fezes e urina. O quadro é assustador, mas sem gravidade. Colocar um pano dobrado entre os dentes da criança para evitar que ela morda a língua e, em seguida, levá-la a um pronto-socorro, onde será medicada com anticonvulsivantes, se a crise não tiver passado até então. Geralmente, a convulsão febril ocorre espontaneamente em poucos segundos ou minutos antes de chegar ao hospital.
É preciso fazer o diagnóstico da convulsão, definir e tratar a causa presente, não a febre. Especialmente, é necessário afastar o diagnóstico de meningite. Após a crise convulsiva, a criança relaxa, dorme e acorda normalmente, como se nada tivesse acontecido. É melhor do que antes.
Agora, imagine-se chegando a um pronto-socorro com uma criança em convulsão e dizendo que você não deu remédio para baixar a febre porque o Dr. Belmiro disse para não fazer isso. Você será permanentemente condenado e dirão que aconteceu o pior porque você negligenciou essa recomendação e não medicou a febre. Repito: 95% das convulsões acontecem em crianças que tomaram remédio para baixar a febre.
Você entende como o sistema funciona. Nos meus dez primeiros anos de medicina, quando eu combatia a febre, neurologicamente muitos casos de convulsão aconteciam em meus pacientes. Agora, depois de mais de 30 anos sem baixar a febre, vejo que a convulsão passou a ser uma ocorrência extremamente rara.
Em resumo, a febre é benéfica, protege a vida, evita mortes. A febre não é um perigo, é nossa aliada. A convulsão pode ser evitada, mas se acontecer, saiba que ela não é uma reação mortal nem lesiva. Estou falando de um conceito de conhecimento bem estabelecido. Você precisa saber que não faz sentido tratar o corpo como se ele não tivesse nenhuma capacidade de defesa e precisasse de remédios para tudo. Não faz sentido utilizar antitérmicos, que impedem um fantástico mecanismo de defesa do organismo e contribuem para complicar o que não era para complicar, matar quem não deveria morrer. E, ao final, quando o pior acontece, justifica-se tudo dizendo que se tratava de uma bactéria muito forte. Todas as bactérias se tornam fortes quando a defesa não funciona. Portanto, permita que a febre defenda a vida, tendo conhecimento adequado para, sem medo e com segurança, colocar a convulsão em seu devido lugar.
Um grande abraço, que Deus te abençoe.
Fonte: Febre e Convulsão – Mitos e Verdades por Belmiro d’Arce