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Síndrome pós-covid: Verdade ou Ficção?

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Síndrome Pós-Covid: Quando os sintomas persistem
Olá pessoal, tudo bem? Eu sou o Dr. Leonardo, endocrinologista e nutrólogo da Clínica de Pós-Covid. Hoje vamos falar sobre a síndrome pós-Covid, um assunto que tem preocupado muitas pessoas. Recebi uma pergunta do Jonathan que gostaria de responder: “Doutor, peguei Covid e tive dias difíceis, mas consegui me tratar em casa e não precisei ser internado. Entretanto, não me sinto bem mesmo após a recuperação. Estou cansado, não rendo no trabalho, minha cabeça está ruim, sinto-me devagar e com raciocínio lento, além de ter problemas para dormir. Por favor, me ajude”. Jonathan, você não está sozinho nessa situação. Muitas pessoas estão enfrentando esses mesmos sintomas após a recuperação da Covid-19.
Estudos têm mostrado que pelo menos 80% dos pacientes que tiveram Covid-19 podem apresentar sintomas persistentes a longo prazo, em uma condição que alguns estão chamando de “síndrome pós-Covid” ou “Covid longa”. Esses sintomas podem ser variados e os mais comuns incluem fadiga, dor de cabeça, perda de atenção, distúrbios no olfato e paladar, perda de memória, queda de cabelo, falta de ar, tosse, dor no peito e dores articulares. Mesmo após a cura da infecção pelo Covid-19, essas alterações podem persistir e afetar negativamente a qualidade de vida das pessoas.
Há muitos anos, já se sabe da existência de uma condição chamada Síndrome da Fadiga Crônica, que ocorre após uma infecção viral. Antigamente, a causa mais comum dessa síndrome era o vírus da herpes, mas ela também pode estar relacionada a outros vírus. Os principais sintomas dessa síndrome são fadiga persistente, cansaço para realizar atividades físicas, trabalhar ou estudar, além de problemas com o sono e alterações cognitivas, como falta de concentração e memória. Estudos têm sugerido que a infecção pelo Covid-19 pode gerar uma situação similar de fadiga crônica.
O que acontece é que a infecção pelo vírus causa alterações imunológicas e inflamatórias, podendo levar a uma resposta autoimune e inflamação crônica. Além disso, o vírus também afeta o sistema nervoso, causando uma desmielinização e degeneração neural, alterando o fluxo e conectividade cerebral. Outra consequência importante é a alteração da mitocôndria, a organela responsável pela produção de energia nas células. As alterações mitocondriais incluem diminuição da produção de energia e alterações oxidativas, como a diminuição da coenzima Q10, que é um importante antioxidante. Todos esses fatores contribuem para a fadiga, baixa energia e alterações cognitivas observadas na síndrome pós-Covid.
Estudos têm sugerido que mesmo casos leves e assintomáticos de Covid-19 podem gerar essas alterações inflamatórias persistentes por um longo período. Considerando que o mundo está se aproximando de 200 milhões de casos de Covid-19, muitos pesquisadores se perguntam se o pior ainda está por vir. Uma das estratégias para evitar a fadiga pós-Covid e melhorar os sintomas é o tratamento da mitocôndria.
Um estudo sugere a suplementação de coenzima Q10 como forma de tratar a Síndrome da Fadiga Crônica pós-Covid. A coenzima Q10 é um antioxidante mitocondrial que ajuda na transferência de elétrons para a geração de energia. Além dela, existem outros nutrientes importantes para o funcionamento saudável das mitocôndrias, como a carnitina, que ajuda na entrada de ácidos graxos para dentro da mitocôndria. Vitaminas do complexo B, como B1, B5, B3, B12 e B2, também desempenham um papel crucial, assim como as vitaminas A e C. Além disso, aminoácidos como a taurina e até mesmo hormônios, como a melatonina, podem auxiliar na transferência de elétrons e na geração de energia para as mitocôndrias.
Vale ressaltar que os idosos são os que mais sofrem as consequências do Covid-19, pois o envelhecimento também causa disfunção mitocondrial. Isso leva a uma pior resposta antiviral e diminuição da defesa antioxidante, o que predispõe a uma maior inflamação no organismo e pode complicar o quadro clínico da Covid-19. Manter as mitocôndrias saudáveis é fundamental nesse contexto, e a prática regular de atividade física tem se mostrado um fator de proteção importante contra a gravidade do Covid-19. Além disso, o jejum intermitente também pode ajudar a estimular a saúde mitocondrial, ativando uma via metabólica chamada terceão alfa, que está envolvida na biogênese mitocondrial.
Portanto, a Covid-19 pode deixar consequências e alterações persistentes no organismo, como a síndrome pós-Covid e a fadiga crônica. Essas condições estão relacionadas a alterações mitocondriais, e é possível ajudar as mitocôndrias através de suplementação de nutrientes adequados, prática de atividade física regular, alimentação balanceada e até mesmo o jejum intermitente. É importante buscar orientação médica para um acompanhamento individualizado e adequado ao seu caso.
Espero ter ajudado a esclarecer suas dúvidas, Jonathan, e a todos que estão enfrentando esses sintomas após a recuperação da Covid-19. Até a próxima e obrigado a todos pela atenção.
Fonte: Síndrome pós-covid: Realidade ou Mito ? por Clínica Higashi