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Diálise Peritoneal para Doença Renal Crônica: Tudo que você precisa saber

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Bom dia! Vamos falar sobre a Diálise Peritonial

Bom dia, eu sou Dr. Gilson Biagini e hoje nós vamos falar sobre Diálise Peritonial. Antes de falar sobre a diálise peritonial, gostaria de fazer a definição de doença renal crônica. Então, doença renal crônica é uma perda progressiva das funções do rim, principalmente as que envolvem o controle da quantidade de água do organismo e eliminação das toxinas presentes no nosso sangue. Essa perda progressiva da função pode ocorrer ao longo de meses ou, mais frequentemente, ao longo de anos. O rim tem a característica de que durante a perda de função renal, o organismo vai se adaptando ao acúmulo progressivo das toxinas, e os sintomas só chegam quando a perda da função renal já passou dos 80%. Aí aparecem sintomas que não podem ser controlados através do uso de medicamentos. O que nós temos que fazer é lançar mão de um tratamento que se chama terapia de substituição da função renal.

A terapia de substituição da função renal tem basicamente três tipos de tratamentos. Nós temos a hemodiálise, que é a mais conhecida de todas e que aparece bastante na mídia, em que o paciente tem que se dirigir a uma unidade de diálise ou então ao hospital, e ele é conectado a uma máquina de hemodiálise, onde o sangue do paciente circula através de um filtro especial que vai retirando essas toxinas e o excesso de água. O tratamento deve ser realizado pelo menos três vezes por semana e são seis sessões de quatro horas.

Outra terapia de substituição da função renal é o transplante renal, e a outra modalidade que temos é a diálise peritonial. A diálise peritonial utiliza uma membrana que temos dentro do nosso abdômen e se chama peritônio. É uma membrana que envolve o intestino, fígado, baço, e que se você colocar uma solução em contato com esse peritônio, essa solução fecha uma bolsa ao redor dos órgãos. Esse líquido, entrando em contato com os vasos pequenos que têm nessa membrana, tem a qualidade de retirar as toxinas e o excesso de líquido presente no organismo. Esse líquido tem que ser trocado periodicamente para que você tire a solução que está saturada das toxinas e coloque uma solução isenta dessas toxinas para conseguir fazer a retirada adequada e a chamada limpeza do sangue.

Essa diálise peritonial tem dois tipos em relação à maneira como são feitas. Nós temos a diálise peritonial manual e a diálise peritonial automática. Na diálise peritonial manual, o paciente fica 24 horas com esse líquido de diálise dentro do abdômen e ele deve ser trocado a cada seis horas. Esse líquido, o paciente faz a troca sentado em uma cadeira ou em uma poltrona. Ele faz a primeira colocação do líquido e fecha o sistema, que é um cateter inserido dentro do abdômen. O cateter permanece definitivamente com o paciente e é ele quem permite a entrada e a saída desse líquido. O paciente faz a primeira colocação do líquido e depois de seis horas ele retorna e conecta novamente as bolsas que tiram os dois litros de líquido e coloca novamente dois litros desse líquido, e isso é feito continuamente diariamente, sete dias por semana. Essa é a diálise peritonial manual.

A segunda modalidade da diálise peritonial é a chamada diálise peritonial automática noturna, em que se utiliza uma máquina em que o paciente permanece conectado, em média, durante nove horas. Essa máquina é quem faz as trocas do líquido. Então, o paciente necessita apenas fazer a sua conexão com essa máquina no início do sono, permanece a noite dormindo e no dia seguinte se desconecta. Essa máquina geralmente realiza quatro ou cinco trocas durante a noite. São trocas mais rápidas, mas tão eficientes quanto na diálise peritonial manual. A grande vantagem da diálise peritonial automática noturna é que durante o dia o paciente permanece conectado no sistema da diálise e ele pode realizar suas atividades diárias, sejam elas sociais, recreativas ou profissionais. Dá uma boa condição ao paciente para que ele possa ter uma vida bastante produtiva do ponto de vista profissional e social.

A diálise peritonial, em relação à hemodiálise, possui algumas vantagens. Ela é feita em domicílio, então não há necessidade de o paciente ter que se deslocar até uma clínica ou hospital, principalmente quando esses locais que realizam hemodiálise são muito longe da sua residência. Ele está então ganhando tempo de deslocamento. O paciente vai ter uma liberdade de atividades, porque o paciente em hemodiálise, após a sessão, acaba ficando bastante debilitado. Enquanto que na diálise peritonial, o paciente pode tanto estar exercendo a sua profissão, fazendo o seu trabalho, como está fazendo os seus eventos sociais, participação em fim da nossa vida diária. Ela dá uma condição de bem-estar muito melhor do que a hemodiálise.

O único cuidado que nós temos que ter em relação à diálise peritonial, como todo tratamento médico, sempre existe uma complicação. Como estamos introduzindo um líquido para dentro do corpo, junto com esse líquido podem ser introduzidas bactérias e fazer uma infecção, que nesse caso se chama de peritonite. Mas para que isso se evite, antes do tratamento é feito um treinamento em que a condição de educação do paciente não precisa ser muito alto. Todas as pessoas, praticamente 95% da população, têm condições de fazer esse tratamento e aplicar uma boa técnica no cuidado da diálise peritonial, evitando as infecções.

Eu agradeço a oportunidade de trazer essas informações a vocês e também quero dizer que se vocês estiverem interessados em ter mais informações a respeito da diálise peritonial, vocês podem acessar os dois vídeos que aparecem em tela.

Obrigado e tenham um bom dia!

Fonte: Doença Renal Crônica – Diálise Peritoneal por Grupo Instituto do Rim do Paraná