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Prótese dentária: Benefícios na reabilitação de pacientes com fissura palatina

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Três por Quatro – Projetos e Pesquisas do Campus da USP de Bauru

Olá, começa agora o programa “Três por Quatro”, que mostra os projetos e pesquisas do campus da USP de Bauru, onde funciona a FOB (Faculdade de Odontologia de Bauru) e o Hospital Centrinho. Na edição de hoje, você vai conferir o que é a prótese de palato, como aliado essencial na reabilitação e na fala de pessoas que nasceram com fissuras.

Uma das formas de comunicação mais importantes da humanidade é a fala. Mas você sabe como a voz é produzida? O ar sai dos pulmões e vai em direção à laringe. Lá, ele entra em contato com as cordas vocais, que estão próximas umas das outras e vibram. Pronto, o som sai pela cavidade oral em forma de voz. E é nesse processo que surge a importância do palato, o popular céu da boca.

Sem ele, o som que é produzido na laringe vai parar também na cavidade nasal. Qualquer problema que faça com que o nariz e a boca fiquem acoplados durante a fala, a voz pode sair fanhosa. É aí que entra a nossa preocupação com o palato. Se ele estiver aberto ou se tiver algum buraquinho que faz com que a boca e o nariz fiquem juntos, esse buraco precisa ser fechado. E se a criança nasceu com uma fissura palatina, por exemplo, esse palato tem que ser fechado.

Inicialmente, a gente pensa apenas em cirurgia nos casos das fissuras adquiridas. Que são as fissuras de palato. A cirurgia não é recomendada se o paciente tiver problemas de saúde que impeçam qualquer tipo de cirurgia, como uma anemia, por exemplo. Agora, se ele nasceu com uma fissura muito grande, aí não tem tecido para fazer a cirurgia. Agora, nos casos adquiridos, por exemplo, como remoção de tumores malignos ou um acidente com um instrumento perfurocortante, geralmente esses casos não têm indicação para cirurgia. E casos neurológicos também não.

Pensando nesses casos em que a cirurgia não é recomendada, pesquisadores do Centrinho da USP confeccionam a prótese de palato.

Protese de Palato

Esse espaço aqui é para preencher um espaço que está na parte dura do céu da boca. Tá? Então, veja, ele tem uma fístula aqui, tá tudo aberto aqui. Então pode ver que a gente, quando molda, a gente entra um pouquinho naquele espaço para ter a segurança que aquilo vai ficar muito bem vedado. Aqui tem que ser vedação completa porque senão há risco do ar que os alimentos precisa vir pra pessoa falar, ele pode passar. Ele vai passar por aqui, mas ele acaba escapando por aqui. Então, é isso. E aí, a fala não fica clara.

Além da prótese obturadora, que fecha a fissura e impede a passagem do ar, ainda há a prótese elevadora. Ela eleva o céu da boca.

Se você imaginar que a ponta da minha mão aqui é o céu da boca, o céu da boca assim, ele deveria fazer isso aqui (aponta para cima). Mas ele está paralisado. Então, há a prótese elevadora. Ela vem e ela vai erguer esse céu da boca e deixar ele erguido. Em alguns casos, a diferença na fala com e sem a prótese de palato é algo impressionante. Sem o uso do aparelho, a fala sai nasalada e quase impossível de ser entendida. Mas com a prótese, a fala pode melhorar muito.

Lucélia é avó de Bianca, uma garota hoje com 17 anos que nasceu com uma fissura no palato e vai começar a usar a prótese:

Entrevistadora: “Bianca, como você se sente ao falar com a fissura de palato?”

Bianca: “Eu me sinto um pouco inibida porque tenho dificuldade para as pessoas entenderem o que eu falo.”

Entrevistadora: “E como você espera que essa prótese possa ajudá-la?”

Bianca: “Com certeza, acho que vai ser um milagre na minha vida. Tenho visto crianças que já colocaram a prótese e melhoraram muito.”

O uso da prótese tem essa intenção, de dar uma condição estrutural para esses pacientes terem uma melhora na fala. Em um paciente adulto, você pode estar associando, por exemplo, uma prótese dentária. Agora, em crianças, a gente usa associado a placas ortodônticas para a retenção dos dentes.

A prótese de palato foi confeccionada em 1988, mas até hoje continua colhendo bons frutos, tanto que em 2012 foi uma das vencedoras do Prêmio Saúde da Editora Abril.

Se ele tiver apenas a fissura, sem outros problemas funcionais associados, há chance de ir lá e colocar uma prótese para obstruir aquele espaço e a fala pode melhorar. Agora, aquelas pessoas, principalmente aquelas que nasceram com fissura de palato e que já tiveram e fizeram cirurgia, a cirurgia teve sucesso, não é simplesmente ir lá e fazer uma outra cirurgia, se ela tivesse indicação, ou colocar uma prótese. Não resolve o problema. Porque você resolveu uma parte do problema. Agora, o outro, que é o funcional, ele precisa ser resolvido com terapia. A gente precisa do processo de fonoterapia. Mas já a prótese tem essa intenção de promover a reabilitação do paciente, e com essa reabilitação, o paciente tem condição de ter uma melhora da fala.

Conclusão

O programa “Três por Quatro” de hoje fica por aqui. Se você quiser rever o nosso programa, enviar alguma crítica ou sugestão, é só acessar o site oficial da USP em Bauru. Você também pode nos seguir na nossa página no Facebook. Esperamos que tenham gostado e até a próxima edição!

Fonte: 3×4: Prótese é aliada na reabilitação de pacientes com fissura palatina por TV USP Bauru