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AVC: O que é e como funciona o protocolo de tratamento?

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O AVC: Protocolo de Atendimento e Medidas

Olá! Eu sou a Márcia e hoje vou esclarecer algumas dúvidas sobre o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e como é feito o protocolo de atendimento. Peço que assista a todo o vídeo e, se tiver alguma dúvida, deixe nos comentários que eu responderei. O AVC é uma das maiores causas de morte e morbidade no mundo. É uma patologia de evolução rápida que demanda ação pontual e cuidados além de rapidez por parte da equipe médica.

Em um hospital, um AVC pode ser definido como um déficit neurológico de instalação súbita e evolução rápida decorrente de dano cerebral. Podemos ter AVCs de natureza isquêmica ou hemorrágica.

O AVC de natureza isquêmica é caracterizado pela isquemia, ou seja, a falta de oxigênio ou nutrientes em uma região específica do cérebro. Isso pode ocorrer por diversos motivos, sendo os mais comuns a trombose de grandes vasos, a embolia de origem cardíaca ou a oclusão de pequenas artérias. Já o AVC de natureza hemorrágica ocorre quando há um vazamento de sangue no tecido cerebral, levando ao aumento da pressão intracraniana e comprometimento da anatomia cerebral normal.

Diversos hospitais estabelecem um protocolo de AVC, que é um conjunto de medidas para o atendimento rápido e eficaz de um paciente com suspeita de AVC. Estudos mostram que um atendimento rápido e focado reduz a mortalidade e morbidade desses pacientes.

Sinais de Alerta e Início do Protocolo de AVC

O protocolo de AVC se inicia com a percepção dos sinais de alerta de um AVC. Ou seja, quando um paciente exibe alguns sintomas que podem levar a esse diagnóstico. Alguns desses sinais são: dificuldade repentina de falar, perda visual súbita (principalmente unilateral), perda súbita do equilíbrio ou dificuldade para caminhar, cefaleia súbita e rebaixamento do nível de consciência.

Em alguns hospitais, existe o código de AVC. Esse código deve ser acionado quando há suspeita de um paciente apresentar um AVC. Hospitais como o Sírio-Libanês e o Oswaldo Cruz, em São Paulo, possuem esse código. Ele é acionado para que a equipe multidisciplinar concentre as medidas necessárias para o diagnóstico e início do tratamento do paciente.

Medidas Iniciais do Protocolo de AVC

Quando um paciente apresenta os sinais iniciais descritos, são tomadas algumas medidas iniciais. O objetivo dessas medidas é estabilizar o paciente e iniciar o tratamento o mais rápido possível. Três medidas simples, denominadas escalas de suspeita de AVC, devem ser realizadas da seguinte forma:

  • Avaliar a força da face. Peça para o paciente usar um sorriso e analise se existe assimetria na boca.
  • Avaliar a força dos membros superiores. Peça ao paciente que levante os dois braços.
  • Avaliar a fala. Peça ao paciente que diga uma frase simples, como “o dia está bonito”, e veja se a fala apresenta alterações.

O enfermeiro da triagem, seguindo o protocolo de Manchester, poderá verificar a existência de um ou mais sinais alterados. Caso haja essa suspeita, somada a outros sintomas, o código de AVC deve ser acionado. É importante saber quando os sintomas iniciaram, pois o código de AVC poderá ser adicionado ou não, dependendo do tempo que passou desde o início dos sintomas. Quando esse período de tempo é desconhecido, o código de AVC deve ser acionado.

Também é importante avaliar o paciente em relação ao seu histórico médico, como por exemplo, se possui comorbidades como hipertensão, diabetes, entre outros, além do uso de medicamentos e eventos recentes, como cirurgias e traumas.

O exame neurológico inicial deve ser realizado pelo neurologista, por meio da escala de ABC e da escala de Coma de Glasgow. Outros exames diagnósticos também são importantes. O paciente deve ser encaminhado para exames laboratoriais, como hemograma completo, glicemia, ureia, creatinina, TPT, TTPA, CPK, CKMB, TGP e gama-GT. Em casos específicos, podem ser solicitados exames de gravidez, dosagem de álcool e drogas, além de pesquisa de trombofilias.

O eletrocardiograma é fundamental para a pesquisa de arritmia e infarto agudo do miocárdio. A radiografia de tórax é importante para a pesquisa de doença cardíaca e pulmonar. O eletroencefalograma é indicado para pacientes com rebaixamento do nível de consciência.

Exames de imagem também são fundamentais para o diagnóstico de AVC. A tomografia computadorizada de crânio é um exame bastante útil e necessário para a visualização de lesões precoces e para o diagnóstico diferencial com tumores, por exemplo. Já a ressonância magnética é bastante útil para casos de lesões isquêmicas mais sutis que a tomografia.

Conduta Após Confirmação do Diagnóstico de AVC

Em todos os pacientes com diagnóstico confirmado de AVC agudo, é recomendado que sejam internados em uma unidade de terapia intensiva do hospital. Caso exista uma unidade de AVC, o paciente deve ser encaminhado para lá. Em casos de pacientes com menos de 4,5 horas do início dos sintomas, pode ser iniciada a trombólise intravenosa. Para pacientes mais graves, o plano terapêutico deve sempre contemplar o controle da ventilação, controle da pressão arterial, controle da frequência cardíaca e da temperatura corporal, além da glicemia.

É importante ter uma oferta de cuidados especializados aos pacientes, bem como o controle de crises epilépticas, caso seja necessário. O paciente com AVC isquêmico deve receber antitrombóticos nas primeiras 24 horas. Já os pacientes com AVC isquêmico com causa embólica devem aguardar 48 horas para receber a anticoagulação com heparina andver continuar junto com a introdução de anticoagulante oral concomitante.

Pacientes com diagnóstico de AVC internados apresentam maior risco de infecções, principalmente a pneumonia, com prognóstico ruim. Por isso, a observação da temperatura do paciente, procurando por sinais de foco de infecção, deve ser sempre feita. Nesses casos, a antibioticoterapia é indicada. A prevenção de trombose venosa profunda também faz parte do plano terapêutico, uma vez que ela representa 10% dos casos de morte de pacientes com AVC. É recomendado o uso de meias elásticas e o uso de heparina de baixo peso molecular também apresenta benefícios.

Sim, pacientes que permanecem internados por um tempo maior também devem fazer parte do plano terapêutico. Além da utilização de colchões anti-escaras adequados, é necessário realizar mudança de decúbito em intervalos regulares de duas em duas horas.

Critérios de Alta

Para ter alta, o paciente deve estar estabilizado, com o AVC corretamente investigado e acompreensão secundária instituída. O tratamento poderá ser continuado em âmbito ambulatorial, com os cuidados sendo passados pela equipe multiprofissional.

Espero que esse vídeo tenha te ajudado. Compartilhe com seus amigos e familiares para que mais pessoas tenham acesso a esse conteúdo. E eu espero você no próximo vídeo. Até lá!

Fonte: O Que É AVC E Como É Feito O Protocolo? por Enfermagem Florence