Pular para o conteúdo

Síndrome do Intestino Irritável: Causas, sintomas e tratamentos recomendados

  • por
  • posts

Bom dia novamente!

Você já ouviu falar na síndrome do intestino irritável? Essa alteração, apesar de ser considerada comum e atingir muitas pessoas, precisa de atenção redobrada para não se agravar. Por isso, bons hábitos de vida são determinantes para manter o bem-estar do organismo, deixando livre desses incômodos abdominais.

A nutricionista Caroline do Negro está conosco hoje e vai falar exatamente sobre síndrome do intestino irritável.

Bom dia, Carol! Tudo bem?

Bom dia! Um prazer estar aqui mais uma vez.

– Será bom, Carol. Prazer é sempre nosso.

– Fica caracterizada esse tipo de síndrome?

– A síndrome do intestino irritável muitas vezes é confundida com sintomas mais comuns de má digestão, de estufamento que as pessoas têm no dia a dia. Tanto que o diagnóstico é feito através de achados clínicos, dos relatos do paciente com relação ao que ele sente. É muito comum as pessoas com síndrome do intestino irritável relatarem constipação ou diarreia, uma alteração do hábito intestinal acompanhada de muito estufamento e presença de gases. E isso vai se tornando progressivo. O paciente começa a estufar com uma quantidade de alimentos e, depois de um tempo, estufa com tudo o que ele come na tão silvio. E isso é progressivo. E muitas vezes, as pessoas acham que isso é normal. É comum escutar as pessoas dizerem “eu estudo muito fácil”, “eu tenho uma digestão lenta” e não procuram realmente um diagnóstico para identificar se é uma síndrome ou se realmente só tem uma má digestão.

– Já se falou da questão do diagnóstico, mas como funciona o tratamento nutricional?

– Na verdade, praticamente o tratamento se baseia na alimentação mesmo. Algumas poucas condutas medicamentosas são usadas, mas é uma alteração na parte absortiva. A síndrome do intestino irritável leva a um processo de desvios, que nós chamamos que é uma alteração na flora intestinal. Então, todos nós temos a flora intestinal que faz a captação dos alimentos, auxilia no transporte do bolo fecal. Tem uma grande quantidade de bactérias responsáveis por auxiliar na digestão dos alimentos. Essa flora pode ser afetada por estresse, processos inflamatórios, uso de medicamentos de longo prazo, por um procedimento invasivo como uma cirurgia que leva a uma alteração da flora. E essa alteração torna a quantidade de bactérias que nós temos no intestino desbalanceada. Nós precisamos que o número de bactérias boas, benéficas, seja maior do que das bactérias patogênicas. Quando isso se inverte, por alguma dessas situações que eu comentei antes, acontece o processo de desvio.

– Hoje nós temos bactérias boas e bactérias patogênicas no intestino. Nós precisamos que o número de bactérias boas, benéfica, seja maior do que das bactérias patogênicas. Quando isso se inverte, por alguma dessas situações que eu comentei antes, acontece o processo de desvio. As bactérias patogênicas fermentam muito. Então o paciente começa a consumir alimentos que normalmente antes eram ingeridos sem problema e tem uma fermentação extrema, muito grande. Então aí se iniciam os sintomas.

– Tem uma prevalência com relação a sexo, idade? Quais são os sintomas mais comuns para quem nunca ouviu falar?

– Na verdade, em termos de idade, são pessoas jovens. Uma faixa de 20 a 40 anos, uma classe de pessoas realmente bastante jovens. Em termos de prevalência, mulheres. É mais frequente no gênero feminino. Em termos de sintomas, além da questão da alteração do hábito intestinal, diarreia ou constipação e o estufamento, é sempre interessante as pessoas tentarem fazer uma relação. “Eu tenho estufamento ou eu tenho diarreia e isso fica mais acentuado num dia que eu estou mais nervoso, mais ansioso, ou após uma situação que me desencadeou um estado emocional alterado.” A gente costuma dizer que a síndrome do intestino irritável não é culpa da parte emocional e psicológica, no entanto, toda alteração emocional e psicológica é um gatilho para que os sintomas venham à tona. Estou falando, estou lembrando, as pessoas ouvem, mas o sintoma, questão do hábito intestinal alterado, a questão do estufamento são sintomas muito parecidos com outros tipos de doenças ou alterações do trato gastrointestinal. Qual a diferença da síndrome do intestino irritável para a doença inflamatória intestinal, Carol?

– A síndrome do intestino irritável pode, em alguns momentos, ter sintomas muito parecidos realmente com a doença inflamatória, como o Crohn ou a colite. No entanto, a síndrome do intestino irritável é uma doença funcional. Ela tem um motivo de alteração de flora, de comportamento. A questão da parte emocional também é diferente, enquanto a doença inflamatória intestinal é uma doença auto-imune, que altera a questão toda do intestino em relação ao processo inflamatório que é gerado pelo próprio organismo. Então é uma doença muito mais grave, uma doença crônica, muito mais difícil de tratar. É sempre importante quando o paciente sentir alguma dessas questões que nós estamos colocando, ele procurar ajuda para que realmente o médico possa diferenciar, caso seja uma síndrome do intestino irritável.

– Como é o tratamento nutricional, Carol? Como funciona as adequações da dieta?

– No caso da síndrome do intestino irritável, como eu coloquei antes, a gente não usa tanto medicamento e sim mudança de comportamento. Primeiro, nós fazemos a exclusão de um grupo de alimento que nós classificamos como FODMAPs, que são alimentos muito fermentáveis que qualquer um de nós que é consumi-los no dia a dia vamos sentir uma fermentação. Mas esses pacientes têm uma reação muito maior com isso. São o feijão, a cebola, o alho, o repolho, por exemplo, as farinhas à base de trigo, os derivados de leite, que são alimentos que já fermentam naturalmente. Então, inicialmente nós retiramos esses grupos alimentares e usamos alguns suplementos para trabalhar a reposição da flora intestinal, reposição da quantidade de bactérias que estão ali em déficit. E depois desse tratamento inicial, na maioria dos casos, nós conseguimos reintroduzir os grupos alimentares e em quantidades moderadas. Esses pacientes conseguem ter uma alimentação minimamente normal.

– Essas pessoas que têm esse tipo de síndrome conseguem ter uma qualidade de vida razoável? Essa condição é pra sempre? Um dia isso vai acabar?

– Existem pacientes que têm um episódio e depois da potencialização ali da síndrome. E muitos e muitos pacientes têm recidivas, então ela vai e volta. Tendo um gatilho, ela acaba voltando. Se pode ter qualidade de vida com certeza, mas é extremamente importante que o paciente se conheça. Por isso que esse momento inicial da mudança da dieta é extremamente importante para que o paciente entenda quais são os alimentos que o organismo dele tolera e os alimentos que o organismo não tolera. Então, quando nós retiramos os grupos alimentares, introduzimos grupo por grupo novamente, a gente entende quais são os grupos que realmente não podem ser consumidos. Se o paciente respeitar isso ao longo da vida, ele não vai ter grandes complicações. Não é à toa que o nosso intestino é considerado o segundo cérebro.

Obrigada pelos esclarecimentos! Tenha uma boa semana e se você tiver alguma dúvida, já sabe, pode escrever pra gente: jornalismo@robo.med.br.

——————————————————————————-

Fonte: Síndrome do Intestino Irritável por Medicina & Saúde