Pular para o conteúdo

Síndrome de Asperger em adultos: diagnóstico e espectro autista | Ben Oliveira

  • por
  • posts

Problemas no diagnóstico de síndrome de Asperger na vida adulta

A primeira coisa que eu gostaria de lembrar é que muitos profissionais têm conhecimento teórico e técnico, mas não têm experiência clínica com adultos no espectro autista. Por causa dessa falta de experiência, muitos profissionais têm uma dificuldade gigantesca de fazer o diagnóstico de adultos com síndrome de Asperger.

Como o diagnóstico de autismo ainda é clínico, muitos desses adultos enfrentam uma jornada muito difícil para conseguir um diagnóstico no Brasil. E esse problema não é exclusivo do Brasil, isso acontece no mundo inteiro.

A segunda coisa que eu gostaria de falar é que existe uma diversidade de variação muito grande dentro do espectro autista, isso independente do grau. Por causa dessa falta de experiência e desse pouco contato com pacientes adultos no espectro autista, o que acaba acontecendo muitas vezes é do profissional comparar o paciente com outro paciente que ele tem. Só que dois autistas nem duas pessoas com síndrome de Asperger podem ser muito diferentes.

Existem algumas pessoas com síndrome de Asperger que conseguem disfarçar melhor a cidade. Isso é tanto para homens quanto para mulheres. Só que as mulheres, as meninas têm mais facilidade de camuflar o autismo. O que isso significa? Significa que elas não estão fingindo que são autistas, mas sim que elas aprenderam a copiar, a imitar as pessoas não autistas ao redor delas. Muitas vezes elas podem não saber o que elas estão fazendo, é como se estivessem meio perdidas, mas criam o próprio roteirinho mental delas, o roteiro de como interagir em determinadas situações.

A terceira coisa que eu gostaria de lembrar é que, além das meninas, das mulheres, o diagnóstico de autismo ainda não é acessível. Dependendo do lugar, não existem profissionais que entendem o suficiente do assunto, não existem profissionais que são especializados em autismo. Isso também acontece no Brasil. Ainda não existem dados, não existem números para a gente ter noção de quantas pessoas estão sendo prejudicadas com a falta de diagnóstico no nosso país.

A quarta coisa que eu gostaria de falar é que essas pessoas sem diagnóstico podem estar sendo prejudicadas. O diagnóstico de autismo na vida adulta é importante não só para a pessoa se autoconhecer melhor e saber quais são as limitações dela e como lidar com essas limitações, mas também pela série de problemas que podem vir junto. Desde a questão das comorbidades até a dificuldade de conclusão no ensino superior e no mercado de trabalho.

A quinta e última coisa que eu queria falar é sobre as comorbidades. As comorbidades são as condições associadas a um autista, além do autismo em si. Muitas vezes, na hora de buscar um diagnóstico ao longo da vida, a pessoa pode ter diagnósticos prévios. E sobre esses diagnósticos prévios, têm a questão tanto do diagnóstico errado, muitos autistas podem ter diagnósticos errados antes de chegar ao diagnóstico de autismo, como tem a questão de que podem ser comorbidades. Muita gente que não tem conhecimento sobre autismo e até profissionais desatualizados acham que se a pessoa tem um diagnóstico, ela não pode ter um segundo. Isso é uma visão errada. A pessoa pode ser autista, pode ter depressão, pode ter ansiedade, pode ser superdotada, pode ter fobia, pode ter Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), pode ter transtornos da aprendizagem como discalculia ou dislexia, pode ter transtorno opositivo desafiador, pode ter transtorno de conduta, entre outros.

É importante as pessoas saberem que a falta de diagnóstico na vida adulta é um problema que acontece não só no Brasil, mas no resto do mundo também. Muitos adultos no espectro autista sem diagnóstico têm dificuldade em encontrar profissional, tanto porque na cidade não têm, porque são profissionais que atendem mais crianças e adolescentes, quanto porque os especialistas ou profissionais que entendem mais de adultos geralmente têm um valor que não é acessível. Esse problema acaba puxando o outro. A pessoa pode ter dificuldade com o mercado de trabalho, estar desempregada durante anos, pode acabar desenvolvendo comorbidades como ansiedade, depressão, entre outras.

Espero que vocês tenham gostado do vídeo. Se quiserem deixar a sua experiência de diagnóstico de autismo na vida adulta ou se estão com dificuldade em encontrar um profissional, também deixe seu comentário. Acompanho a comunidade autista internacional e vejo isso acontecendo em vários países. Muitos adultos no espectro autista sem diagnóstico têm dificuldade em encontrar profissional, tanto porque na cidade não têm, porque são profissionais que atendem mais crianças e adolescentes, quanto porque os especialistas ou profissionais que entendem mais de adultos geralmente têm um valor que não é acessível. Isso é um assunto que deveria ser mais discutido e não é discutido. Essas dificuldades dos adultos no espectro, com ou sem diagnóstico, ainda não são discutidas o suficiente, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, seja em questão de diversidade, mercado de trabalho ou uma série de outras situações.

Se quiserem deixar sugestões de assuntos para próximos vídeos, é só deixar nos comentários. Até a próxima!

– Acabe Oliveira

Fonte: Espectro Autista: Diagnóstico de Adultos com Síndrome de Asperger | Ben Oliveira por Ben Oliveira