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Canabidiol: uma opção para tratar a epilepsia

Uso de maconha no tratamento da epilepsia

Olá a todos, meu nome é Elisabeth Castelon Konkiewitz e sou médica neurologista e psiquiatra. Sou também professora associada da Universidade Federal da Grande Dourados. Este vídeo tem como objetivo falar sobre o uso da maconha no tratamento da epilepsia, fornecendo alguns esclarecimentos.

A maconha é uma planta milenar utilizada desde a antiguidade na Índia, China e inclusive para o tratamento da epilepsia. No século 19, a maconha era utilizada para tratar epilepsia, mas foi substituída por drogas antiepilépticas como o fenobarbital e o fenitoína.

Na década de 90, os pesquisadores descobriram que o nosso cérebro tem um sistema chamado de sistema canabinóide, que são receptores nos quais moléculas de canabinóides se encaixam e que produzem moléculas de canabinóides. As canabinóides são uma parte da maconha, então a partir daí, a maconha ganhou espaço novamente no tratamento da epilepsia e outras doenças.

O canabidiol é um dos canabinoides presentes na maconha e parece ter um efeito ansiolítico, reduzindo a ansiedade. Além disso, ele tem um efeito anti-inflamatório, antioxidante e anticonvulsivante. É importante observar que quando se fala do uso da maconha na epilepsia, o extrato puro de canabidiol derivado da maconha é o que foi testado em pesquisas. Medicamentos como o Epidiolex, PureDiol e Pluriol são exemplos de medicamentos que utilizam o extrato puro de canabidiol.

As pesquisas com o canabidiol em epilepsia só foram realizadas em crianças com síndrome de Lennox-Gastaut e síndrome de Davi. Essas formas graves de epilepsia normalmente não respondem aos medicamentos anticonvulsivantes tradicionais. Em crianças que tomam canabidiol com outros anticonvulsivos como clobazam e ácido valpróico, há um risco aumentado de ter uma elevação das enzimas hepáticas. Mais ou menos 40% das crianças que usaram o canabidiol tiveram efeitos colaterais como diarreia, fadiga, sonolência, vômito e dor de cabeça.

Vale a pena tentar o canabidiol se a epilepsia for refratária e as outras opções de tratamento fracassaram. É importante lembrar que existem efeitos colaterais com o uso do canabidiol, além de interações com outros anticonvulsivos. Efeitos colaterais incluem diarreia, fadiga, sonolência, vômito e dor de cabeça.

Um extrato de canabidiol, chamado Myalo, está chegando ao Brasil. No entanto, pode haver problemas com o custo de produção, já que não se pode plantar ou cultivar maconha no país.

Portanto, é importante aguardar os resultados de outras pesquisas para confirmar que outras formas de epilepsia também terão benefícios com o uso do canabidiol. Atualmente, o canabidiol é reservado para crianças com síndromes graves e refratárias, mas é uma promessa promissora no tratamento da epilepsia.

Fonte: Maconha para tratar epilepsia? Indicações do canabidiol #epilepsia por Neuropsiquiatria-Neurologia-Psiquiatria