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Nem Menopausa, Nem Adolescência: Vera Iaconelli Aborda Desafios da Vida Feminina #1


Uma Metamorfose Ambulante: Descobrindo a si mesma
A vida é pesada por si só, e lidar com questões pessoais pode ser ainda mais difícil. Como uma analista que trabalha com pessoas, tento não ficar muito presa às minhas próprias questões, mas a verdade é que elas estão sempre presentes. O inconsciente está constantemente trabalhando, pensando em quem somos e no que os outros produzem em nós. Para as mulheres, em particular, há um fato importante que diferencia nossa experiência dos homens: a menopausa.
Não é raro uma mulher ir ao ginecologista achando que está grávida, apenas para descobrir que está entrando na menopausa. Essa transição, antes do momento em que a menstruação cessa, marca a perda do período reprodutivo. Para os homens, essa transição inevitável não envolve a experiência reprodutiva em seus próprios corpos. É um momento fundamental de envelhecimento e perda de poder, mesmo que nunca tenham considerado ter filhos.
Experimentar a menopausa pode ser um choque para o sistema. Quando aconteceu comigo, eu fiquei muito triste e lutava contra o meu próprio corpo. Eu era uma pessoa cheia de vitalidade e energia, mas me vi com um corpo que não correspondia com minha imagem estética e física. Tive que fazer as pazes com esse corpo, o que envolveu todo um processo e foi muito interessante.
O fim do período reprodutivo pode ser difícil. Para muitas mulheres, é uma marca da perda de vitalidade e energia. Conforme envelhecemos, ficamos mais conscientes de que o tempo é limitado, e cada escolha envolve um custo. É importante entender que estamos passando por uma transição inevitável, assim como a adolescência, que envolve perdas corporais e transformações. Essas crises não são patológicas, mas podem envolver sofrimento que exige muitas reavaliações.
Não podemos fingir que a menopausa é uma festa. O mesmo acontece na adolescência, que também é uma transição importante, mas não temos uma promessa de vida pela frente. Na menopausa, é preciso encarar a transformação do corpo e da subjetividade. O sofrimento e a tristeza associados à menopausa são reais, mas é importante superá-los e aproveitar o que há de bom na vida.
Ao lidar com a menopausa, é crucial lembrar que tudo está conectado: mente e corpo, emoções e saúde física. Quando estamos tristes, tudo ao nosso redor parece triste também. Nosso psiquismo pode ser a bucha de canhão que nos ajuda a manter o aquecimento do corpo. Da mesma forma, quando cuidamos bem do nosso corpo, isso traz vitalidade para nossa saúde mental.
A grande retificação necessária na menopausa é parar de se comparar com o que já foi antes. Não importa se você tem 30, 40 ou mais anos de idade, o que importa é a sua qualidade de vida e seu conteúdo interno. Cada dia deve ser vivido ao máximo, sem se preocupar com o que passou ou com o que vai acontecer no futuro.
A vida real pode ser melhor do que imaginamos, então é importante aproveitá-la em cada momento. Podemos escolher ser metamorfoses ambulantes, descobrindo a nós mesmos e aproveitando tudo o que a vida tem a oferecer.
Fonte: Vera Iaconelli | Nem menopausa, nem adolescência são uma festa. #1 por SHEt_alks