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Aumento de 47% no uso de remédios tarja preta

Aumento no consumo de remédios tarja preta em São Paulo

O número de pacientes que têm usado remédio de uso controlado os de tarja preta subiu 47 por cento entre 2010 e 2014. Os antidepressivos são os que mais são receitados.

A pesquisa

A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo divulgou o resultado de uma pesquisa que mediu o crescimento do consumo de remédios de uso controlado de tarja preta nas farmácias da prefeitura. Em 2010, eram 592 mil pacientes que usavam remédios tarja preta na cidade, mas em 2014 o índice subiu para 874 mil, o que significa um aumento de 47%. Foram mais de 280 mil novos consumidores de antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos que recorreram às farmácias da prefeitura no período.

Segundo a Secretaria, no ano passado os moradores da capital paulista consumiram mais de 166 milhões de comprimidos para transtornos psiquiátricos, um aumento de 52% em relação ao ano de 2010.

Entrevista com um médico psiquiatra

Para falar um pouco mais sobre esse assunto, nós convidamos o médico psiquiatra e diretor César Vasconcellos.

Gabriela: Boa noite, doutor César. Seja bem-vindo aqui é o Jornal Novo Tempo.

Doutor César: Boa noite, Gabriela. Boa noite a todos.

Gabriela: Terceiro, vemos aí a reportagem sobre o aumento de vendas de remédios tarja preta em São Paulo nos últimos quatro anos. Esse aumento significa que doenças como a depressão têm sido mais frequentes ou que as pessoas estão agora, mais do que nunca, buscando ajuda e tratamento das doenças da mente?

Doutor César: As duas coisas, Gabriela. A depressão já é um problema que está em estudos prospectivos no futuro, que mostram que no ano 2020 a depressão deverá ser a segunda doença do mundo. Em 2030, provavelmente será a primeira doença do mundo. Então, o mundo está ficando deprimido. Estamos saindo de uma década de transtorno muito ligado à ansiedade e entrando numa fase de muita depressão. Então, uma causa é a perda da esperança, é a perda de que a pessoa não consegue administrar. Isso vai levando as pessoas a ficarem muito deprimidas. Mas também existe um estilo de vida muito cheio de vida nas cidades grandes, é muito estressante. Então, às vezes é mais fácil a pessoa tomar um comprimido para tentar dormir ou para acalmar o excesso de ansiedade e ter um pique para funcionar no dia seguinte do que mudar seu estilo de vida. Então, elas acabam sendo super medicadas porque querem manter o estilo de vida, por várias razões, e ficar funcionando. E aí tem que ter uma química por trás pra ficar empurrando.

Gabriela: Agora, você falou bem relacionado ao estilo de vida. Muitas pessoas acham que tratamento da depressão é apenas tomar remédio e não é. Outros pilares também são igualmente importantes, né, doutor?

Doutor César: Vamos pensar que a depressão tem três níveis: depressão leve, depressão moderada e depressão grave. A grave, com ou sem sintomas psicóticos, a depressão leve não precisa de medicação, ela basta um apoio familiar, o apoio de um conselheiro, um apoio psicológico desse profissional. Mas ela não precisa medicação. Já a depressão moderada e a grave ela pode necessitar de medicação. A grave com certeza precisa. Mesmo assim é tem que ter um acompanhamento psiquiátrico porque em geral é de seis meses a um ano a pessoa já pode ficar sem aquela medicação, porque ela também precisa de um bom tratamento que vai colocar essa pessoa não só a medicação mas o apoio psicoterápico e também o apoio e orientação da família. Então, junto da parte medicamentosa, tem que entrar a parte de psicoterapia e a orientação da família ajudar essa pessoa. Se a pessoa vai tratar depressão e ela vai contar só com a medicação, ela tem mais tendência a ficar dependente dessa medicação. Então, são terapias muito importantes. Remédio também, exercício físico e um estilo de vida saudável.

Gabriela: Muito obrigada pela sua participação, doutor César. Daqui a pouco, tem mais Jornal Novo Tempo.

Fonte
Uso de remédios tarja preta aumentou em 47% I Jornal Novo Tempo por Revista Novo Tempo